Algumas atividades fazem parte de nossas vidas todos os dias, como: trabalhar, estudar, cuidar da família e da casa... enfim, tantas coisas que poderiam ser incluídas aqui. Muitas vezes, essas atividades nos deixam cansados, sobretudo pelo grande esforço que precisamos fazer. Assim, esperamos ansiosos para chegar ao final do dia e relaxar, aliviando a nossa mente e o nosso corpo do exaustivo dia que tivemos.
No texto do Evangelho que ouvimos há pouco, Jesus faz um maravilhoso convite, dizendo: “Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (v.28). Evidentemente, no contexto dessa passagem, está o fato de que Jesus enxergava diante de si pessoas esgotadas e exaustas por carregarem um peso muito grande nas costas, devido a tantas obrigações impostas pelos doutores da lei da época. Os escribas e fariseus que conheciam a lei de Deus e deviam ensiná-la corretamente ao povo de Deus, estavam escravizando as pessoas com suas tradições humanas. Dessa forma, aqueles doutores da lei tornaram amarga e árdua a vida das pessoas, deixando-as como “ovelhas sem pastor”.
No entanto, o convite de Jesus não está a falar exclusivamente sobre cansaço físico e nos afazeres do trabalho. Ele vai muito além disso. Este convite de Jesus é feito para aqueles que estão precisando de alívio e descanso espiritual. Afinal, todos estão cansados e sobrecarregados pela condenação do pecado. Infelizmente, nem todos reconhecem isto. Muitas pessoas acham que são perfeitas, que não erram, que não pecam, que não precisam de um Salvador, ou que podem ajudar na sua salvação. Ou ainda, que poderão resolver isto numa futura oportunidade.
O ser humano, no estado natural em que ele nasce, está sobrecarregado com o peso do pecado, ao ponto de chegar à exaustão. As pessoas sabem muito bem que existe alguém perante o qual serão responsabilizadas pelas suas ações. O ser humano sabe que, algum dia, precisará prestar contas da sua vida, como nos lembra o Rei Salomão no livro de Eclesiastes: “Faça tudo o que quiser e siga os desejos do seu coração. Mas lembre de uma coisa: Deus o julgará por tudo o que você fizer” (Ec 9.9). Por isso, o homem tenta escapar das acusações da sua consciência, mas não pode. Ele até tenta desesperadamente fazer alguma coisa para diminuir a ira de Deus, mas nada parece deixar Deus um pouco mais contente!
Deus ditou as suas leis e o homem tem como responsabilidade cumprir perfeitamente tudo o que a justiça de Deus determinou. Cada vez que o homem tenta ser perfeito como Deus espera dele, não o consegue! Isso porque, como nos diz o apóstolo Paulo na leitura da epístola, “mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço” (Rm 7.18-19).
Por natureza, todas as pessoas são pecadoras, imperfeitas – nascidas em pecado. Nós não nascemos moralmente neutros – não nascemos em condições de decidir por nós mesmos se iremos servir a Deus ou a Satanás. Tudo o que o homem tenta fazer para ser aceito por Deus não resulta em nada! Isso é um pesadelo – uma das situações mais frustrantes e desesperadoras que se pode imaginar. O homem não é aceito por Deus, mesmo que tente com todas as suas forças fazer o melhor que pode. Sempre irá faltar alguma coisa na sua vida espiritual!
Assim, a única solução para encontrarmos descanso no meio do nosso sofrimento e do cansaço dessa vida é ir a Cristo e aceitar o seu convite: “Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (v.28). Esse convite é maravilhoso, meus irmãos. Jesus quer, não nos encher de mais cargas e preocupações. Mas ele se oferece para nos aliviar, consolar e nos dar uma nova vida. Ele promete consolar e sarar nossas dores para que possamos viver tranquilos e, assim fazer a sua vontade, e servi-lo.
Jesus que que entregamos a nossa vida com todas as nossas dificuldades aos cuidados nas mãos dele, não ficando ansiosos e desesperados com as aflições do tempo presente, mas sabendo que Cristo conhece as nossas necessidades e confiando que ele cuida de nós. Cristo nos chama a confiar nele e encontrar descanso para as nossas almas aflitas. Somente ele pode nos dar verdadeiro alívio e descanso, pois tudo lhe foi entregue por seu Pai. Tudo que precisamos para nosso corpo e nossa alma nós temos em Cristo. Nele há consolo e paz para as almas cansadas com as aflições do tempo presente.
Quando Jesus diz “venham a mim, todos”, Ele quer que todos estejam em contato com o consolo, alívio e perdão que somente ele pode dar. Não é necessária uma indicação, um merecimento, uma conquista. O amor de Deus é para todos aqueles que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, para aqueles que não conseguem se perdoar, para aqueles que estão vivendo na descrença e no pecado. Afinal, todos são o alvo do amor de Deus demonstrado por Cristo na cruz.
Jesus dá descanso e refrigério às nossas almas. Ele é o Nosso Bom Pastor que refrigera a nossa alma e nos leva para as águas de descanso, como nos diz o Salmo 23: “O SENHOR é o meu pastor: nada me faltará. Ele me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranquilas” (Sl 23.1-2). Apesar das aflições que nos deixam cansados nessa vida, já podemos desfrutar do descanso que Cristo nos oferece, afinal Ele renova as nossas forças e nos guia por caminhos certos, como Ele mesmo prometeu.
Isso me lembra uma história, que muitos de vocês devem conhecer, de que um homem teve um sonho, onde ele estava andando na praia junto com Deus, e que no céu, passavam cenas da vida dele. Para cada cena que se passava, o homem percebeu que eram deixados dois pares de pegadas na areia – um era desse homem e o outro era de Deus.
Quando a última cena da vida daquele homem passou no céu, antes dele ir dormir, este homem olha para trás para ver as pegadas na areia. Então, ele percebeu que em determinados momentos da caminhada, havia só uma par de pegadas. O homem notou que isso acontecia nos momentos mais difíceis e de angústia na vida dele. Isso acabou entristecendo-o muito. Por isso, perguntou a Deus: “Senhor, Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi te seguir, Tu andarias sempre comigo, todo o caminho mas, notei que durante as maiores atribulações do meu viver havia na areia dos caminhos da vida, apenas um par de pegadas. Não compreendo porque nas horas que mais necessitava de ti, Tu me deixastes”.
Deus, então, respondeu para esse homem: “Meu precioso filho. Eu te amo e jamais te deixaria nas horas da tua provação e do teu sofrimento. Quando vistes na areia, apenas um par de pegadas, foi exatamente aí que EU, nos braços... te carreguei”.
Com isso, meus irmãos, quero mostrar que o “SENHOR é bondoso com todos e cuida com carinho de todas as suas criaturas. [...] Ele ajuda os que estão em dificuldade e levanta os que caem” (Sl 145.9,14). Em Cristo, Deus jamais nos deixa desamparados. Dessa forma, nos momentos de tristeza, aflição e angustia de nossa vida, Jesus não apenas carrega a nossa carga, mas Ele nos carrega em seus braços. Ele sofreu, morreu e ressuscitou por nós. Ele nos dá o perdão e a salvação eterna, de graça.
Evidentemente, enquanto a vida continua aqui na Terra, estamos sujeitos a toda canseira e enfado do nosso trabalho e, até podemos ficar cansados e sobrecarregados como nossos pecados e aflições. Porém, no meio desse nosso cansaço, temos um Salvador Bondoso que nos salva por sua graça, nos dá o perdão de todos os nossos pecados e nos consola no meio das nossas aflições e que está voltando para nos dar pleno descanso. Assim, aceitemos o convite de Jesus, entregando toda a nossa vida nas mãos dele, confiando em suas ações, pois o mais ele fará. Que assim seja. Amém.
Rev Artur Charczuk
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