Acompanhamos consternados os ataques à Ucrânia. Além disso, no Brasil vivemos na berlinda ante a polarização Bolsonaro e Lula.
Não bastasse isso, ouvimos as mais variadas noticias de tragédias.
Em meio a essas questões, a igreja é tentada e motivada a emitir sua posição política e ideológica. Seja qual for a posição ou opinião corremos o risco de ser tratado apenas como influenciador de uma posição ou outra.
Na caminhada rumo a Jerusalém, Jesus passou por muitas perguntas tentadoras. Diante de cada questão, foi tentador tomar uma posição política e ideológica. Se caso Jesus Cristo tivesse optado por uma ideia ou outra, se tornaria um agitador ou revolucionário, e a missão da cruz estaria prejudicada.
Após alertar acerca do juízo vindouro (Lc 12.35-40), “algumas pessoas chegaram” com o intuito de saber a respeito da atrocidade do procurador romano contra os galileus revolucionários.
A questão com teor político e teológico deixou Jesus numa situação difícil. Se caso tivesse respondido a questão no viés politico ideológico com certeza se tornaria um agitador revolucionário.
No entanto, Jesus Cristo respondeu a questão no viés teológico e faz com que cada um dos arguidores e ouvintes pensasse em algo muito profundo. É como se Jesus dissesse: bem, se vocês querem saber se esses supostos terroristas que estavam no templo oferecendo sacrifícios foram castigados por Deus, eu digo que não.
Para justificar a resposta, Jesus cita o exemplo de dezoito trabalhadores que morreram trabalhando quando a torre de Siloé desabou sobre eles.
Ante os acontecimentos na Ucrânia, muitas pessoas estão perguntando: como é possível crianças inocentes morrerem na guerra?
Não podemos nos satisfazer com respostas ideológicas e políticas, afinal, elas apenas criam mais discórdias.
Jesus não entra no debate político ideológico, mas responde a pergunta com uma questão teológica: “Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do os outros galileus?” (Lc 13.2).
Do possível debate politico ideológico, Jesus fez tornar-se uma conversa a respeito da própria situação dos arguidores e ouvintes.
Dessa forma, ao citar o exemplo da queda da torre de Siloé, que matou 18 trabalhadores num evento trágico, e que, aparentemente nada justificasse tamanha tragédia, Jesus desvencilha a ideia de que qualquer evento natural e trágico, ou causado por outro alguém, seja castigo da parte de Deus por causa de um ou outro pecado.
A resposta de Jesus (Lc 13.3-5) é um alerta para que as pessoas parem de olhar para os eventos como uma punição divina por esse ou aquele pecado e cada qual olhe para si mesmo. É como se Jesus estivesse dizendo: aproveitem os acontecimentos trágicos e de sofrimento como um espelho. Se os ataques na Ucrânia estivesse ocorrendo aqui? Como está sua vida com Deus?
Cada tragédia, sofrimento, morte é uma oportunidade para refletir sobre a nossa vida.
Em sua resposta Jesus fala sobre quem aquele povo era. A Palavra de Deus usa a vinha (Is 5.1-7) e a figueira (Jl 1.7) como imagens para o povo da aliança e assim, Jesus diz claramente para os seus que eles eram a figueira plantada na vinha, mas, sem fruto nenhum. Não havia entre eles frutos de justiça (Is 5.7) e de amor ao próximo (Jo 15.1-7). Assim, Jesus leva os ouvintes ao clímax do diálogo: se vocês tivessem sido atingidos pela tragédia da chacina ou da queda da torre, o que lhes aconteceria eternamente?
Sem esperanças em si mesmas, pois, se fosse por merecimento, eles também mereciam passar por tragédias semelhantes, Jesus anuncia a longanimidade de Deus (Lc 13.8). Temos mais uma oportunidade devido a longanimidade de Deus!
Aproveitemos os eventos trágicos para nos olhar no espelho e ver como está a nossa vida. Agradeçamos a Deus por estarmos de pé e oremos para que em sua fidelidade não caiamos da fé (1Co 10.12). Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressamnn
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