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Mulher orando

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Foto do escritorPENSE NISSO Teológica

Riqueza como Dom de Deus.

Em 2004, um francês de 62 anos foi hospitalizado com urgência. Ele estava com fortes dores de estômago. Em seu estômago havia uma massa que pesava cerca de 5,5 kg que fez com que seu estômago descesse até a altura do quadril. Cinco dias depois de sua hospitalização, o médico resolveu fazer a cirurgia e retirou a massa que estava em seu estômago. Infelizmente o paciente morreu alguns dias depois de complicações.

O que chamou a atenção dos médicos foi a massa retirada do estômago daquele homem. Não era um câncer. A massa eram 350 moedas, equivalente a 650 dólares. Essa doença é uma síndrome que leva a pessoa a se alimentar de objetos como se fosse alimentos.

Talvez estejamos dando graças a Deus por não sofrermos desse transtorno. Mas, a minha questão é simples: Será que não estamos doentes pelo materialismo e consumismo? Façamos um exame de nossa vida. Quanto tempo estamos dedicando ao nosso ganho material? Não que isso não seja importante. No entanto, quanto tempo estamos desperdiçando longe da família, da igreja?

Salomão que é o autor do livro de Eclesiastes nos quer ensinar sobre o mau uso e abuso do dinheiro. Podemos, já que assim como crianças precisamos aprender, a olhar para esse texto de Eclesiastes 5. 10 – 20 e entender o que Deus quer nos ensinar sobre riqueza. E ao falar sobre riqueza podemos nos lembrar do provérbio italiano: “o dinheiro é um bom servo, mas um mau senhor.”

Assim como crianças precisamos aprender! Aprender que a Riqueza é um dom de Deus (Rm 12.8). E sendo um dom de Deus precisamos saber como lidar com ela.


Jesus instruiu acerca do dinheiro e da riqueza. Das 38 parábolas, dezesseis discutem esse assunto. Além disso, há cerca de 2 mil versículos que lidam com a questão do dinheiro e das posses. Por que toda essa conversa sobre dinheiro? Como disse o prório Jesus: “Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (Mt 6.21). Deus quer nos eninar assim como se ensina a uma criança que o uso e as posses podem estar indicando onde estamos depositando a nossa confiança.

No texto de Eclesiastes 5. 10 – 20 recebemos do homem mais sábio sobre a face da terra cinco valiosos ensinos sobre a realidade do dinheiro e duas verdades sobre Deus. Vejamos:

Quanto mais se têm, mais se quer (Ec 5.10)

Quanto mais se têm, mais se gasta (Ec 5.11)

Quanto mais se têm, mais preocupações (Ec 5.12)

Quanto mais se têm, menos se reparte (Ec 5. 13 – 14)

Quanto mais se têm, mais tristeza (Ec 5. 15 – 17)

Deus dá o trabalho como DOM (Ec 5.18)

Deus dá a riqueza como DOM (Ec 5. 19 – 20)


Vamos ao estudo desses 7 ensinos.

Quanto mais se têm, mais se quer (Ec 5.10)


Quem ama o dinheiro nunca ficará satisfeito; quem tem a ambição de ficar rico nunca terá tudo o que quer. Isso também é ilusão.


Assim como crianças precisamos aprender!

Salomão diz que o dinheiro não é o segredo da felicidade. Ao contrário, ele diz que o dinheiro é viciante e insatisfatório. Pois, se eu tenho um pouco, quero mais. Se eu tenho muito, quero mais. “Quem ama o dinheiro nunca ficará satisfeito;...”. É importante destacar que expressão quase idêntica é transmitida por Paulo: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males; ...”. Assim como crianças precisamos aprender que não é o dinheiro o nosso problema, mas sim, o amor, o apego ao mesmo. Estamos inseridos numa sociedade em que o materialismo e o consumismo aos poucos esta nos cauterizando e nos cegando e assim deixamos de ver coisas importantes.


Há um ditado popular que diz: “o dinheiro é um amante ruim, pois quanto mais você o ama, menos ele te satisfaz”.

Somos herdeiros de uma geração capitalista. E o capitalismo em seus primórdios cunhou a frase: “Deus abençoa quem cedo madruga”. E nessa ótica capitalista crescemos pensando: se eu tivesse mais dinheiro! Assim, os quadros de TV “Construindo sonhos” fazem tanto sucesso. Aliás, quem não quer ter casa própria. Por isso deixamos de nos fazer perguntas importantes. Condicionamos a nossa felicidade ao ter. Consequência de um capitalismo pessimamente interpretado e praticado.

Não sei a maioria de vocês já ouviram falar de John Davison Rockefeller (1839 – 1937). Esse homem foi um investidor. Homem de negócio e um filantropo estadunidense. Ele fundou a Standard Oil Company, a indústria do petróleo que foi o grande negócio de confiança dos Estados Unidos. Além de revolucionar a indústria do petróleo, ele também definiu a estrutura da filantropia. Com 53 anos era bilionário. Ganhava cerca de um milhão de dólares por semana. E para esse homem foi feita a seguinte pergunta: Quanto dinheiro você quer? E a sua resposta foi: “Apenas um pouco mais.” Assim como crianças precisamos aprender que quanto mais se têm, mais quer ter.


Estamos desenvolvendo uma síndrome do amor ao dinheiro. Não tê-lo é pior que passar fome, ou estar nu. É melhor ter dinheiro que não ter família. Aliás, a maioria dos problemas familiares é divida do dinheiro, ou seja, é por causa de dinheiro. Estamos enfrentando a síndrome de sorrisos abertos, afinal a péssima interpretação e prática do capitalismo nos conduziu a esse jeito de viver. E Salomão diz que tudo é ilusão.

Quanto mais se têm, mais se gasta (Ec 5.11)


Quanto mais rica é a pessoa, mais bocas tem para alimentar. E o que ela ganha com isso é apenas saber que é rica.


É claro que essa frase é uma questão de lógica. Quem mais tem, mais gasta, mais consome. Mais pessoas têm ao seu redor.

Nosso desejo por dinheiro se deve ao querer consumi-lo. Imaginamos que o dinheiro nos dá tudo. Tanto que Salomão diz em seus provérbios: “Os ricos arranjam muitos amigos, mas o pobre não consegue conservar os poucos que tem” (Pv 19.4). Só que, por experiência de vida, podemos nos perguntar quais desses realmente são os amigos?

Claro que a maioria desses amigos dependem das suas riquezas. São os que cuidam dos negócios. Os que gerenciam as propriedades, os banqueiros, os advogados, os contadores, empregados domésticos, guarda costa, etc. Os ricos têm amigos, mas, na grande maioria, esses, são os amigos que dependem deles, dos ricos. E quanto mais dinheiro, mais funcionários. E com muitos funcionários, mais dinheiro para prestar contas e mais problemas e inquietações. Então não pense que ganhar na mega sena te trará toda a felicidade do mundo. Por esse motivo o apostolo Paulo aconselha: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6.8).

Quanto mais temos, mais gastamos. E claro, mais tempo gastamos com os negócios. E assim, quantas coisas boas perdemos por não termos tempo por estarmos ocupados com aquilo que temos para gastar.

Quanto mais se têm, mais preocupações (Ec 5.12)


O trabalhador pode ter pouco ou muito para comer, mas pelo menos dorme bem à noite. Porém o rico se preocupa tanto com as coisas que possui, que nem consegue dormir.


Assim como crianças precisamos aprender que a riqueza não nos dá repouso e nem descanso. Ela traz consigo outra doença, a insônia. Quem está ocupado tem consigo as preocupações e assim se mata dia após dia. Mas aquele que trabalha apenas para comer, se deita e dorme tranquilo e no outro dia, mesmo que lhe falte uma roupa melhor, segue sua vida sorrindo.

O rico ao contrário, anda inquieto, pois comeu demais, esteve envolvido em muitos compromissos. Muita coisa acontecendo em sua vida e assim não relaxa. Coisas materiais não trazem paz e sossego, na verdade trazem consigo a ansiedade. Contra isso Jesus alertou: “Não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir ... nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso” (Mt 6. 25ª, 27).

Henry Ford o fundador da FORD disse certa vez que: “Eu era mais feliz fazendo um trabalho mecânico.” As ocupações que o muito dinheiro lhe deu, tiraram dele o que tinha de melhor para aproveitar sua vida.

Lembremos novamente de John Davison Rockefeller. Mesmo bilionário aos 53 anos, faturando 1 milhão de dólares por semana, as preocupações o tornaram um homem doente, que viveu a base de biscoitos e leite e não conseguia mais dormir. E tendo tomado a atitude de espalhar seu dinheiro e não se deixar levar por ele ainda viveu e pode comemorar seus 90 anos.

Quanto mais se têm, menos se reparte, mais sofre (Ec 5. 13 – 14)


Eu tenho visto neste mundo esta coisa triste: algumas pessoas economizam dinheiro e sofrem com isso. Perdem tudo num mau negócio e assim não deixam nada para os filhos.


Como pode uma pessoa que tanto têm não repartir nada com ninguém. Quem de nós aqui já não disse ou ouviu essa frase?

As riquezas nos tornam egoístas. Salomão diz que o entesouramento, o acumular riquezas são um grave mal. O que acumula riquezas só gera para si sofrimentos. Nós mostramos o que amamos pelo que fazemos com o que temos.

Disse Jesus: “Não vos preocupeis...” (Mt 6. 24 – 34). E Salomão enfatiza que as pessoas que passaram a vida economizando para o futuro, de repente, são surpreendidas num mau negócio e ficam a ver navios. Não os aconselho a não se prepararem, mas, a lição que precisamos aprender do texto bíblico é o quanto somos vulneráveis.


Quanto mais se têm, mais tristeza (Ec 5. 15 – 17)


Como entramos nesse mundo, assim também saímos, isto é, sem nada. Apesar de todo o nosso trabalho, não podemos levar nada desta vida. Isso também é muito triste! Nós vamos embora deste mundo do mesmo jeito que viemos. Trabalhamos tanto, tentando pegar o vento, e o que é ganhamos com isso? O que ganhamos é passar a vida na escuridão e na tristeza, preocupados, doentes e amargurados.


Assim como crianças precisamos aprender! Aprender por esses três versículos que o dinheiro é transitório e temporal. O dinheiro é servo do homem e não o homem servo do dinheiro.

Uma pessoa nua é uma pessoa com terno da criação. Foi assim que viemos ao mundo e assim sairemos desse mundo. Só teremos roupa porque alguém colocará em nós.

Disse Salomão num provérbio; “Não se mate de trabalhar, tentando ficar rico, nem pense demais nisso. Pois o seu dinheiro pode sumir de repente, como se tivesse criado asas e voado para longe como águia” (Pv 23. 4 – 5). Não podemos focar toda a nossa vida, energia e ação na riqueza. Atrás de uma nota de dólar há a figura de uma águia com as asas esticadas

para fora. Isso indica o que a própria bíblia diz, o dinheiro voa de nossas mãos.

Riqueza, bens, como disse o próprio Senhor Jesus podem ser destroçados pelas traças, levado pelos ladrões, e assim nos aconselha: “...ajuntem riquezas nos céus,...” (Mt 6.20). Como? Agarrando-se com os braços da fé em Jesus Cristo.

Viver nossa vida querendo apenas acumular riquezas nos levará a decepção apontada por Salomão “Isso também é um grave mal, exatamente como um homem nasce, assim, ele vai morrer. Então, qual é a vantagem para aquele que labuta para o vento? Ao longo de sua vida, ele também come na escuridão com grande aflição, doença e raiva.”

Apesar do nosso trabalho, da nossa riqueza, vamos morrer. E obcecados pelo acumulo de riquezas estaremos deixando de aproveitar parte da vida eterna que já temos em união com Cristo Jesus nesse mundo. O dinheiro não os consola na solidão, na doença e na tristeza.

Parece que essa mensagem não irá atingir o seu objetivo. Afinal, nosso tema é: assim como crianças precisamos aprender que a Riqueza é um dom de Deus.

Salomão faz essa prescrição divina. E ele diz que esse entendimento é que dará satisfação, segurança e significado na vida. Ele diz: “Então cheguei a essa conclusão: a melhor coisa que uma pessoa pode fazer durante a curta vida que Deus lhe deu é comer e beber e aproveitar bem o que ganhou com seu trabalho. Essa é a parte que cabe a cada um. Se Deus der a você riquezas e propriedades e deixar que as aproveite, fique contente com o que recebeu e com o seu trabalho. Isso é um presente de Deus. E você não sentirá o tempo passar, pois Deus encherá seu coração de alegria.”

Salomão menciona Deus quatro vezes. E diz sobre as coisas boas que Deus nos concede. Vejamos:


Deus dá o trabalho como DOM

Antes da queda o trabalho era algo agradável ao homem. O trabalho ainda faz parte da vida humana. Analisando profundamente, o trabalho é uma espécie de adoração. O trabalho traz recompensas que Deus quer oferecer aos seus filhos.

O lado ruim do trabalho é que as dores e sofrimentos que ele nos provoca nos faz lembrar do nosso pecado. E como pecadores necessitamos de Jesus Cristo.

E junto com o dom do trabalho


Deus dá a riqueza como DOM

“...Se Deus der a você riquezas e propriedades e deixar que as aproveite, fique contente com o que recebeu e com o seu trabalho. Isso é um presente de Deus. E você não sentirá o tempo passar, pois Deus encherá seu coração de alegria.”

A riqueza é um dom de Deus. Observemos as palavras: “Se Deus der a você riquezas e propriedades...”. As mesmas querem nos ensinar que mesmo que o trabalho seja um dom, ele não é um dom por causa da riqueza. Se a riqueza vier como resultado do trabalho, não deixemos de desfrutar desse dom da melhor maneira possível. Não se escravizando nela. Nem sendo servo dela.

A riqueza é um dom, no entanto, a beleza desse dom é reconhecer o que nos ensinam as leituras bíblicas desse dia.

Primeiro olhemos para a leitura do salmo, onde ouvimos as palavras do salmista: “Fico mais alegre em seguir teus mandamentos do que em ser muito rico” (Sl 119. 14). E qual mandamento está atrelado ao dom da riqueza? Para essa resposta precisamos olhar em segundo lugar para o autor da carta aos Hebreus que disse: “Deus nos deixou a promessa de que podemos receber o descanso de que ele falou. Portanto, tenhamos muito cuidado para que Deus não julgue que algum de vocês tenha falhado, deixando assim de receber esse descanso” (Hb 4.1). E esse descanso em Deus é o que dá brilho ao dom da riqueza. Precisamos saber descansar em Deus.

Assim como crianças precisamos aprender a lidar com a Riqueza como Dom de Deus. O terceiro mandamento me ensina a descansar em Deus. Ou seja, não importa o que eu tenho e sou e qual compromisso está agendado, nada pode substituir o meu ouvir com atenção a palavra de Deus.

A maldição do trabalho é que nos afasta de Cristo. E esse é o perigo da própria riqueza. No culto da semana passada ouvimos sobre o homem rico que não quis vender o que tinha e seguir a Jesus. Ele não fez uso do descanso em Deus. E diante da constatação de que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico ir para o céu os discípulos ficaram espantadíssimos.

Temos medo das riquezas. Não sabemos como lidar com esse assunto. Aos ricos cabe o mesmo convite que é feito aos pobres, descansar em Deus.

O dom de Deus é o nosso descanso no próprio Deus. Vivemos dias consumistas onde se valoriza o ter. E para ter precisamos ser escravos do tempo, do dinheiro e do trabalho. E como reféns do materialismo e capitalismo não descansamos em Deus. Passamos a julgar nossa habilidade, competência e sabedoria como responsáveis daquilo que temos e somos. Esquecemos de dar graças a Deus e de aproveitar na certeza de que Deus não deixará nada faltar, mesmo que tenhamos nosso descanso nele.

Assim como crianças precisamos aprender a descansar em Deus. E esse descanso em Deus é o dom de Deus para a riqueza e também para a pobreza. O descanso de Deus é o dom que ele nos concede para esse tempo consumista.

Que em Cristo possamos nos alegrar com nosso trabalho e com aquilo que temos, seja abundância ou pobreza. Que não sejamos gulosos pelo ter a ponto de perdermos aquilo que Deus nos oferece em Jesus, o seu eterno descanso. Amém!




Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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