A arte da música tem o poder de conduzir nossos sentimentos e emoções. E não precisamos saber tocar algum instrumento ou dominar a teoria da música para saber disto. Basta lembrarmos de músicas animadas, que fazem nosso pé bater no chão de forma compassada. Estas músicas nos inspiram em felicidade. São compostas em tons maiores, que geralmente alegram e festejam. Porém, há também as músicas compostas em tons menores, que geralmente soam aos nossos ouvidos como músicas tristes, melancólicas, que nos convidam a refletir.
Desde o último natal, a cristandade estava em um tom maior, de música alegre e feliz pelo nascimento do Salvador e por sua manifestação ao mundo na epifania. Mas, desde a última quarta-feira de cinzas, o tom mudou. Saiu o tom maior, da animação e celebração, e entrou o tom menor da quaresma. Agora o compasso é outro. Nossas vidas são embaladas pela quaresma, em tom menor, em tom de reflexão, meditação e até mesmo de tristeza.
E esta melodia quaresmal nos dá dois refrões que precisam ficar ecoando em nossas mentes, tipo aqueles jingles de comerciais de televisão que não saem da cabeça. O primeiro refrão é relacionado justamente à quarta-feira de cinzas. A Palavra de Deus nos diz já em Gênesis 3.19 que “tu és pó e ao pó tornarás”. Portanto, neste tom menor da quaresma, somos lembrados que nossa vida é um sopro. O volume desta verdade precisa estar bem alto, com decibéis suficientes para nos acordar de uma falsa sensação de que enfermidades, acidentes e mortes acontecem apenas com os outros. Com esta certeza em mente, o refrão de que vamos virar pó tem o dueto perfeito com o convite de Jesus: “Arrependam-se dos seus pecados e creiam no evangelho” (Marcos 1.15).
O segundo refrão que deve ecoar em nossa mente neste tempo de quaresma é justamente o ponto alto desta música: a cruz. Sim, ao invés de ser uma canção composta em clave de sol ou em clave de fá, a quaresma é toda composta na tonalidade da cruz. É para ela que o Salvador está indo, repleto de sofrimentos e humilhações. Mas, mesmo que a quaresma seja em um tom menor, somos lembrados que ela tem um grand finale: “a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo; mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus” (1 Coríntios 1.18).
Então fica a dica: aproveite o tom menor da quaresma, faça um raio-x em sua vida, arrependa-se dos seus pecados e creia em Cristo para sua salvação Claro, sabendo que no domingo da ressurreição os tons maiores e festivos estarão de volta.
Pastor Bruno Serves
Comments