O povo parece ter sido pego de surpresa, afinal, ao saber da notícia do assassinato de João Batista, Jesus foi para outro local solitário, distante da civilização e assim que descobriram, a multidão a pé foi até onde Jesus estava indo.
Jesus, que precisava de descanso e junto a outros discípulos, se recuperar da notícia de assassinato de João Batista, ao sair do barco e ver aquela multidão “ficou com pena deles” (Mt 14.14). Por ter se condoído por dentro, Jesus curou e ensinou àquela multidão e aos discípulos uma valiosa lição. Pelo visto a lição foi deslumbrante, afinal, é um dos únicos milagres registrado pelos quatro evangelistas e cada evangelista dá elementos importantes para entender todo o ocorrido.
É preciso mensurar que era um período difícil e tumultuado no ministério de Jesus. O capítulo 12 de Mateus mostra certa relutância ao ministério de Jesus Cristo, onde era acusado de ser o próprio demônio (Mt 12.24). No final do capítulo 13 (Mt 13.57) os da sua cidade, Nazaré, se escandalizaram dele. No início do capítulo 14, Mateus registra o assassinato de João Batista que já estava preso por causa da proclamação do evangelho.
Assim como apresentava os evangelistas Lucas e João, Mateus também destaca que havia muitas dúvidas a respeito de Cristo. Quem era Jesus? Afinal, esse Messias não parecia ser aquele prometido pelos profetas.
O texto da multiplicação dos pães e dos peixes, no contexto de Lucas, aparece logo após o retorno dos discípulos que haviam sido enviados por Jesus Cristo para pregar a mensagem do Reino de Deus e curar doentes (Lc 9.1-6, 10). Após o relato de um aparente sucesso na empreitada, Jesus visa ensinar uma grande lição.
O contexto desse episódio no evangelho de João se dá diante de uma afirmação de Jesus: “as pessoas não vinham a ele para ter vida” (Jo 5.40). As pessoas duvidavam das Escrituras, do Pentateuco de Moisés, e de Jesus Cristo (Jo 5.46-47).
No relato da multiplicação temos os discípulos que haviam presenciado e até realizado milagres pela autoridade de Cristo. Temos a multidão que buscaram Jesus por terem presenciado milagres de Cristo, e ambos, presenciam o maior de todos os milagres. Um milagre semelhante ao milagre que o povo de Deus vivenciou enquanto caminhavam no deserto: o maná.
Ante as dúvidas e a rejeição em relação a Cristo, o apostolo João relata que àqueles que viram o milagre da multiplicação, confessaram: “De fato, este é o Profeta que devia vir ao mundo” (Jo 6.14). Essa exclamação é o reconhecimento do povo de que Deus estava cumprindo sua promessa anunciado para e por Moisés (Dt 18.15). Era como se o povo estivesse dizendo: Deus está aqui com seu Profeta.
O cenário que envolve esse grande milagre era de rejeição a pessoa de Cristo, era de dúvidas sobre quem era Jesus e, a morte de João Batista. O oposto era a alegria dos discípulos dos resultados da pregação e cura que haviam realizado. Em meio à nostalgia, se encontram diante de um problema. Cerca de 12 mil com fome. Era preciso 200 moedas de prata para comprar pão para toda aquela multidão. Após fazerem uma vaquinha, só recebem de um menino, cuja mãe era bem atenta, 5 pães e 2 peixes.
Ante esse problema social, os discípulos só enxergam uma solução: “Mande essa gente embora, a fim de que vão aos povoados e comprem alguma coisa para comer” (Mt 14.15). No entanto, Jesus dá outra sugestão: “Deem vocês mesmos comida a eles” (Mt 14.16).
Como? Não é possível? Só Deus é capaz de fazer! Não temos 200 moedas de prata, apenas 5 pães e 2 peixes.
Discípulos - haviam acabado de relatar sucesso numa empreitada. Agora, cheios de dúvida e inquietação. Os discípulos que estavam na prova prática da fé, temem e questionam que não há o que fazer. A multidão que buscava apenas o milagre físico, cheios de incertezas e interrogações, parecia que nada encontrariam. O apostolo João diz que esse evento, a multiplicação, foi um momento de prova prática da fé (Jo 6.6).
O Jesus que se condoeu da multidão, iria, assim como Deus no deserto, providenciar o necessário a ponto de se fartarem (Mt 14.20).
Deus deu maná no deserto! Deus, por meio de Elias, não deixou que secasse a farinha da tigela e nem o azeite no jarro da viúva de Sarepta (1Rs 17.16). Deus, por meio do profeta Eliseu, providenciou alimento para 100 profetas tendo apenas 20 pães (2Rs 4.42-44).
Recordemos que no dia 01 de dezembro de 2019, o mundo recebeu a notícia de uma possível doença altamente contagiosa. O primeiro caso foi detectado em 31 de dezembro de 2019. Perguntas! Dúvidas! Medo! Pavor!
A medida que o vírus ia se espalhando, o mundo começou a discutir os possíveis resultados do caos social e econômico. A OCDE previu que seriam necessários longos anos para que o mundo se recuperasse economicamente. Estudos indicavam que de cada 100 empresas, 50 abririam falência. O mundo passaria a contar com milhões de desempregados. Perguntas! Dúvidas! Medo! Pavor!
O mundo passou a orar para que uma vacina fosse desenvolvida. E, esse mundo, que contou muitos meses de paralisação, após todo esse episódio não se deu conta de que Deus esteve agindo e oferecendo o necessário para o corpo e a vida.
O mundo que previu quebradeira, desemprego, fome, caos social, é um mundo que há tempos deixou de se saciar com as bênçãos de Deus ignorando-as. Recordemos que, além da Pandemia, uma nuvem de gafanhotos devorou plantações e pastagens.
O mundo que vive a tragédia do muito sem Deus, precisou viver em meio ao caos esperando em Deus.
Deus continua provendo o necessário! Todo tempo de solidariedade, tempo em que pessoas foram auxiliadas por medidas governamentais de auxílio financeiro, o ponto é: Deus está de uma maneira ou outra provendo sustento.
No tempo de Pandemia passamos o período prático da fé. Deus, como sempre o fez nos sustentou. A tigela não esteve seca e nem o jarro sem azeite. Os poucos pães foram divididos e muitos alimentados.
No tempo prático de fé, aprendemos que Deus providenciou todo necessário, assim como sempre o fez. Cada dia a providência especial de Deus se faz presente em nossa vida: o pão nosso de cada dia nos dá hoje! Deus continua presente e socorre os seus. Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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