Fico imaginando o olhar de um pai à espera de um filho. Não aquele filho que está voltando de uma bela viagem ou de um período de estudos, mas o filho que se perdeu na vida. Aquele que foi motivo de vergonha para a família. Aquele que foi seduzido pelos enganadores desejos do coração. Aquele que desperdiçou os bens que o pai havia conquistado com muito suor e privações. Sim, o filho problemático. Fico imaginando o velho pai pensando todos os dias neste filho, todos os dias indo ao portão da propriedade e observando o horizonte à espera daquele que lhe faz falta. Dia após dia o pai o aguarda.
Eis que um dia o filho surge no horizonte. Bem diferente de como havia partido. Antes era de cheio de si, agora vem cabisbaixo e humilhado. Antes tinha o coração duro e os ouvidos fechados para qualquer conselho, agora seu coração e sua alma estão aos pedaços e tudo o que ele quer é ser aceito, é ser amado, é ser abraçado. E então acontece algo fantástico: “Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou. E o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra o senhor não mereço mais ser chamado de seu filho!” (Lucas 15.20-21).
Eis um clássico bíblico, a parábola do filho pródigo, que nos serve como amostra da graça de Deus. A aplicação dela é automática e logo nos vemos assumindo o papel do filho perdido. Sim, é verdade. Nos dias em que surgimos no horizonte arrasados, carregados de culpas e de coração quebrado pelo pecado, nosso Pai está correndo de braços abertos em nossa direção. Sem exigir nada, ele abraça, perdoa e demonstra a sua alegria em nos ter em seus braços. Como é maravilhosa a graça de Deus revelada em Jesus Cristo! Como é bom estar nas mãos de um Deus cheio de amor e misericórdia!
Mas, quem conhece a parábola clássica, sabe que havia mais um irmão. Era o irmão mais velho, trabalhador, que sempre levou a vida à sério. Era o braço direito do pai. Ele não entendeu o amor do pai pelo filho perdido. E, cá entre nós, facilmente podemos assumir esta postura e observar com olhos desconfiados aqueles que voltaram de seus caminhos de loucura. O Pai nos ensina a amar o perdido que retorna e a abraça-lo da mesma forma.
Então fica a dica: se você está no horizonte distante, cheio de culpas, levante os olhos. Olhe para a cruz de Cristo. O sangue de Jesus garante aquele Pai que corre ao seu encontro para lhe perdoar, resgatar, consolar. Se você já experimentou este abraço perdoador e nele vive a vida, festeje quando seus irmãos perdidos forem abraçados novamente pelo Pai. Afinal, “seu irmão estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado” (Lucas 15.32).
Pastor Bruno A. K. Serves
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