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Mulher orando

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Como se livrar da cegueira que atinge 100% da população?

João 9.1-41


Estimada Igreja de Deus! A leitura acima indicada aponta para a cegueira: cegueira física, que segundo o IBGE atinge em torno de 0,6% da população brasileira, e cegueira espiritual, que segundo o pastor Raul Saulo Pagung atinge 100% da população mundial. Não conheço ninguém da congregação que enfrenta o problema da cegueira física, claro alguns com mais de 40 já não enxergam lá essas coisas. Mas vocês devem sim conhecer alguém de fora da igreja com o problema apontado. Quando criança é comum ser pego brincando, tentando andar ou fazendo alguma coisa de olhos fechados – o que é sempre uma tarefa muito complicada. Mas isso nem passa perto da realidade de não ver a luz do sol, o brilho das estrelas ou um gostoso sorriso da pessoa que se ama. O fato é que não deve ser nada bom a cegueira física, não conseguimos nos colocar totalmente no lugar de tais pessoas; no entanto, afirmo que pior ainda é sofrer de cegueira espiritual.


Queridos, na cena de nosso texto, Jesus tem um encontro com alguém que enfrentava o primeiro mal mencionado, aliás, os dois males antes mencionados. O homem não enxergava e, isto, segundo o evangelista, desde sempre – o homem nasceu cego. Tentem imaginar, nunca ver a diversidade das flores criadas por Deus, nunca poder admirar o lindo azul do céu, jamais observar um grandioso e mui colorido arco-íris pincelado por Deus num belo horizonte chuvoso. De fato, não conseguimos nem imaginar o sofrimento de tal pessoa. Mas, Jesus consegue e, mais que isso, ela vai de encontro ao cego de nosso texto a fim de mudar sua situação.


Chegando perto do homem, chama atenção a pergunta realizada pelos discípulos: “— Mestre, por que este homem nasceu cego? Foi por causa dos pecados dele ou por causa dos pecados dos pais dele?” Parece até tolice tal pergunta, mas era bem isso que era crido na época e, pior, que era pregado pela igreja da época. Toda doença era atribuída como castigo de algum pecado passado ou dos pais ou até da própria pessoa. Segundo um professor meu, para a religião judaica era possível uma criancinha praticar/cometer pecado ainda no ventre materno. Tipo, se a mãe grávida participasse de algum ritual pagão, criança e mãe pecavam nesta circunstância e, portanto, o nascer cego ou com qualquer outro mal era o castigo por tal pecado cometido. Sim! Um absurdo! A igreja da época fazia de tudo para buscar e apontar culpados para os males de uma pessoa, sendo que o real papel da igreja é apagar culpa, cuidar de pessoas e amá-las te todo o coração como Deus ama.


Voltando ao texto, Jesus não deixa os discípulos no vácuo, mas responde aquilo que nossa igreja também prega; afinal de contas, somos Igreja de Jesus: “— Ele é cego, sim, mas não por causa dos pecados dele nem por causa dos pecados dos pais dele. É cego para que o poder de Deus se mostre nele.” É cego para que o poder de Deus se mostre nele. Complicado de entender isso! Pesquisando sobre o versículo, encontrei a seguinte observação dos confessores na época de Lutero sobre esse versículo: “As aflições nem sempre são penas de certos atos do passado, senão obras de Deus destinadas para nosso proveito e para que o poder de Deus se torne mais perceptível em nossa fraqueza.” Ou seja, nas aflições, nas doenças, nos males, nas deficiências é que percebemos com mais clareza o cuidado de Deus a esses “seres frágeis” e de que forma Deus cuida dessas pessoas especiais – por meio de pais, mães, parentes, professores, etc. que trabalham como as “mãos cuidadoras” de Deus.


O texto não para por aí e, depois de mais algumas palavras com seus discípulos, Jesus faz um pouco de lama com sua própria saliva, passa a lama nos olhos do cego e manda ele se lavar no tanque de Siloé. Interessante esse toque de Jesus, Jesus fazia questão de tocar, estar junto, de prestar atenção nas pessoas, de ouvir as pessoas; Jesus tocava até em leprosos, o que era um absurdo. Seu toque, o toque de Jesus sempre é carregado de amor, muito carinho e extremo poder, até hoje – Santa Ceia. Depois do toque, o homem fez o que Jesus mandou e o que parecia impossível aconteceu. Um cego de nascença, alguém que nunca viu em sua vida, passou a ver. Imaginem agora o estado que ficou aquele homem! Uma mistura de espasmo, junto com uma grande alegria, junto com medo, junto com felicidade... sei lá... só sei que deve ter sido muito bom! Ele fez tanto furdunço, deve ter pulado e gritado tanto de tanta felicidade que até chamou atenção das autoridades religiosas, que eram os fariseus.


Fariseus, esses faziam jus ao velho ditado: “o pior cego é aquele que não quer ver”. Os fariseus acompanharam toda a trajetória de Jesus, viram e testemunharam inúmeros milagres, sabiam todos os escritos antigos, conheciam todos os sinais de quando e quem seria o Messias, mas fechavam seus olhos para Jesus. Jesus – a salvação – estava na frente deles; Deus vinha a seus corações por meio da palavra do próprio Jesus, mas eles se recusavam a crer, abrir os olhos e enxergar as obras de Deus no meio do povo. Eles preferiam “ver” Jesus com um enviado do demônio do que alguém vindo de Deus.


Na continuação do texto, até o mendigo e ex-cego tenta abrir os olhos deles, dá uma aula de teologia para eles: “— Que coisa esquisita! Vocês não sabem de onde ele é, mas ele me curou. Sabemos que Deus não atende pecadores, mas ele atende os que o respeitam e fazem a sua vontade. Desde que o mundo existe, nunca se ouviu dizer que alguém tivesse curado um cego de nascença. Se esse homem não fosse enviado por Deus, não teria podido fazer nada.” Mas eles se recusaram a enxergar: “— Você nasceu cheio de pecado e é você que quer nos ensinar?” Usando o exemplo dos cegos fariseus, poderíamos reformular o velho ditado da seguinte forma: “o pior crente é aquele que não quer crer” no Deus que se preocupa, vai ao encontro e cuida de pecadores.


Nosso texto do evangelho é bem comprido, não vamos falar sobre todo ele, mas vale ainda ressaltar a parte final. Não bastasse a cura física, Jesus cura aquele homem espiritualmente, o que é mais importante ainda. O que é cegueira espiritual? Não ver Cristo como o Filho de Deus, o Messias, o Deus encarnado. (Uma frase de postagem no face a respeito do assunto: “Uma enfermidade ou deficiência física nem sempre leva alguém a óbito, mas a cegueira espiritual já traz a morte eterna para alguém ainda vivo.”) Jesus foi procurar o homem ao saber que o tinham expulsado da sinagoga e, quando o encontrou, começa uma conversa que lhe trará vida e visão sobre as coisas de Deus: “Você crê no Filho do Homem? Ele respondeu: — Senhor, quem é o Filho do Homem para que eu creia nele? Jesus disse: — Você já o viu! É ele que está falando com você! — Eu creio, Senhor! — disse o homem. E se ajoelhou diante dele. Então Jesus afirmou: — Eu vim a este mundo para julgar as pessoas, a fim de que os cegos vejam e que fiquem cegos os que veem.”


Meus amigos, nessa passagem devemos nos identificar não com apenas um dos personagens da cena, mas com todos – os fariseus e o cego. Nosso coração, não diferente do coração pecaminoso dos fariseus, fecha-se frente às coisas de Deus e se recusa a enxergar a atuação de Deus em nossas vidas e ao nosso redor. Nosso coração é mais propenso a negar a presença de Deus nas dificuldades, do que a perceber num simples ato humano de cuidado uma obra divina. Nosso coração tá mais propenso a enxergar no sofrimento o castigo e ira divina, do que o amor e carinho de Deus através mãos humanas. E nosso coração não vê, porque não quer ver as coisas de Deus; no Éden ficamos cegos e, por isso, não mais vemos Deus, não mais vemos a multidão celeste de anjos que nos cercam e protegem constantemente, não vemos mais Cristo junto de nós nas aflições da vida e, por isso, duvidamos e nos cegamos. Deus tem de fazer uma laminha, Deus tem tocar em nosso coração pecaminoso com sua saliva, sua água regeneradora e Palavra, a fim de que possamos enxergar Cristo em nossa frente e em nossa vida, assim como o fez com o cego de nosso texto. Como afirma no Salmo 51, nascemos em pecado, nascemos cegos e Deus, com seu Espírito, tem de abrir nossos olhos para a fé. Só Ele é capaz disso porque só Ele em toda história fez um cego de nascença enxergar. Só Ele é capaz de fazer um cego espiritual de nascença enxergar o amor de Jesus.


Somos cegos espiritualmente de nascença, mas Deus nos abre os olhos por meio do toque de sua Palavra e isso Ele fez e ainda faz com cada um de vocês que aqui se encontram. Deus fez você enxergar a Ele próprio em sua vida. E, além de enxergar, o ouvir, tocar e senti-lo em sua vida. Meu amigo, cada toque, cheiro, abraço, preocupação e sorriso carinhoso das outras pessoas é também o toque, cheiro, abraço, preocupação e sorriso do próprio Cristo a você. Para nós, ex-cegos espirituais, Deus dá sim capacidade de o ver e perceber em nossas vidas. O vemos nas fisionomias daqueles que Ele coloca em nossas vidas; o vemos nas fisionomias daqueles que nos cuidam no dia a dia. Quer receber um abraço ou um toque de Jesus assim aquele cego, a mais de dois mil anos atrás, recebeu do nosso Salvador? Fácil! Muito fácil! Peça agora um abraço da pessoa que está ao seu lado ou da pessoa que você ama, nela e por meio dela o próprio Cristo estará o envolvendo em seus braços. Amém.




Reverendo Raul Saulo Pagung


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