Sabe aqueles filmes que, quando terminam, fazem a gente ficar pensando nele o dia inteiro? Sabe aquela série que nos faz querer maratonar todos os episódios com um baldão de pipoca? Sabe aquele livro que dá vontade de recomendar aos amigos e de o ler novamente? Todos têm uma estrutura parecida. Eles nos convidam a viajar por nossos sentimentos, experimentando os altos e baixos das nossas emoções, como se fosse uma montanha russa emocional.
Aqui em casa, já há algum tempo, terminamos de olhar mais uma temporada de La Casa de Papel. O enredo é exatamente aquela montanha russa de sentimentos. Há cenas engraçadas, há cenas de romantismo, há cenas de apreensão, há cenas de tensão e há cenas de tristeza. Cenário perfeito para um sucesso. E o cenário se aplica a qualquer outro sucesso, como Vingadores (que aqui em casa já olhamos umas mil vezes), Titanic, Forest Gump e até mesmo Rei Leão.
Pensando bem, esta montanha russa de sentimentos é um retrato da própria vida real. Dizer que a vida é feita de altos e baixos é chover no molhado, é algo óbvio. Mas o óbvio também precisa ser dito e a chuva também precisa cair onde já está molhado, especialmente no cenário que hoje nos cerca. Dentre tantas tensões, preocupações e ansiedades, é preciso lembrar do enredo da vida, da montanha russa pela qual viajamos, que é a vida com seus dias de glória e também com seus dias de amargura. Se antes a sociedade parecia viver em um ritmo acelerado de consumismo, estrelismo e show de confetes em uma disputa de vaidades, hoje a sociedade se vê lutando por algo que é tão básico e necessário: condições de vida digna, com saúde e sustento.
Pedro, o discípulo de Jesus que era mais impulsivo, experimentou esta montanha russa com o Salvador. Da alegria de ver a transfiguração e de caminhar em cima da água, experimentou o medo de afundar no lago, experimentou a tristeza por ter negado por três vezes seu Salvador, experimentou a surpresa de ver Jesus ressuscitado e a satisfação de o anunciar como o messias, lá no primeiro século.
E é este mesmo Pedro que, em sua primeira carta, nos lembra que a vida cristã também viaja por esta montanha russa de altos e baixos. Pedro nos joga lá para o alto ao nos dizer que “por causa da sua grande misericórdia, ele nos deu uma nova vida pela ressurreição de Jesus Cristo. Por isso o nosso coração está cheio de uma esperança viva” (1 Pedro 1.3). Sim, em nosso coração habita a alegria da salvação que Jesus conquistou com sua morte e ressurreição e que nos dá de presente pela fé. Mas Pedro nos lembra que a vida cristã não é composta apenas de alegrias quando nos diz “alegrem-se por isso, se bem que agora é possível que vocês fiquem tristes por algum tempo, por causa dos muitos tipos de provações que vocês estão sofrendo” (1 Pedro 1.6). Ah, os sofrimentos! As provações! Elas existem! A mão de Deus está por detrás disto, para nos ensinar a confiar nele, para purificar nossa fé, para nos aproximar dele. Provações são formas pedagógicas de Deus agir para nos mostrar que é preciso confiar.
Ah, como a Palavra de Deus é verdadeira! Assim é exatamente a nossa vida! Dentre lágrimas e sorrisos, tensões a apreensões, sonhos e ilusões, nossa fé cristã é amadurecida e lapidada, preparando-nos para o encontro com o Salvador. E, no cenário que vivemos hoje, é bem provável que estejamos todos em um ponto da montanha russa que nos gera apreensão e preocupação. Mas acalme-se. O Senhor é conosco, nos altos e baixos do nosso enredo da vida. Sua mão graciosa e perdoadora está nos ensinando confiar estritamente nele, e não em nossa própria força. E, como em um final clássico no roteiro de um grande filme, o final da vida cristã terá um final feliz, de salvação, de vida eterna e plena. Não por nossos méritos, mas pela vitória que já é certa e que por nós foi celebrada no último domingo de Páscoa. A ressurreição de Jesus nos garante o final feliz de nossos enredos, por mais que hoje estes enredos alternem entre altos e baixos, como nos roteiros dos nossos filmes preferidos.
Pastor Bruno Serves
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