A palavra é filha da criação humana, nela está imbuída a imaginação acerca do real. O escritor é a extensão do viver da palavra, ele a gesta no pensamento, logo ela é parida na folha de papel. Mas a palavra não é para quem escreve, pelo contrário, ela é para quem a lê. O viver pleno dela está no olhar de quem a descortina, de quem descobre o seu significado. Sendo assim, a palavra é autônoma, ela não vive na sombra da caneta do escritor, mas sua existência está na luminosa curiosidade do leitor. É no olhar do leitor que a palavra ganha asas para voar no solo dos significados.
Na turbulência dos discursos, a palavra é lapidada com reflexões distorcidas, pensamentos egoístas, onde texto e realidade tornam-se antagônicos. Ela não está mais sendo lançada para alimentar os espíritos curiosos, mas para cercear todo aquele que busca a compreensão do significado. O receptáculo, palavra, está abarrotado pelas presentificações: promessas imediatas, realizações no agora, enfim, saudade e promessa foram afuniladas pela ânsia do presente.
Mas é na Sagrada Letra que existe a verdadeira resposta. É só nela que o ser humano se realiza plenamente. Enquanto que a letra humana é compreendida por quem a lê, a Sagrada Letra é que compreende o seu leitor. É a Palavra que acolhe, que ampara, mostra o verdadeiro caminho do homem: Deus revelado por Cristo Jesus. Ele é a Palavra em si, Palavra viva. Cristo moveu corações, amou os periféricos, curou os doentes, Palavra que deu abundância aos perdidos. A Palavra que é plena, escrita nos corações humanos com os traços da cruz, ela está acima de qualquer sentido humano.
Rev. Artur Charczuk
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