A busca pela felicidade

Ela pode estar em uma música: “Felicidade foi-se embora, e a saudade, no meu peito, ainda mora”; quem sabe numa decisão: “Eu quero é ser feliz!” Na poesia: “Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma”; e por aí vai. A busca pela felicidade é um sentimento global, é parte do tecido global, ela está introjetada na cultura. O ser humano, em seu vai e vem, procura uma definição única sobre o assunto felicidade. Não é uma labuta fácil, dado que, quando se toca no assunto, têm-se diversas reações: “É relativo”, “Depende”, “São vários pontos de vista”, etc. São as respostas mais comuns. Diante disso, como o relativismo é tido como padrão, surge toda uma literatura sobre a busca pela felicidade, com autores de ponta, expoentes no mundo das respostas, best-sellers, tudo pela enigmática felicidade.

Por consequência, devido ao agito pela busca da felicidade, cada vez mais as pessoas estão angustiadas e ansiosas. Algumas, inclusive, procuram, digamos assim, diluir tais sentimentos: “Se eu não conseguir ser feliz, vou viver minha vida dia após dia”. São fórmulas que visam aliviar a pressão que o sujeito sofre para ser feliz. A felicidade que ele acha que está num bem material, intelectual, amoroso. E, quando não a acha ali, não a encontra acolá, a pessoa vai caminhando em círculos, esvaziada pela falta da felicidade. Ainda mais: o que é felicidade para uma pessoa, talvez para uma outra não seja. Pois é, tem-se a sensação de o conceito de felicidade, imposto pela contemporaneidade, soa como algo de simples configuração, isto é, o que é para o fulano, não é para o cicrano.

A impressão que dá é que a felicidade seria um protocolo particular para cada pessoa: tal coisa me deixa feliz, já ao outro, não. Cada ser humano sendo feliz como um espaço de construção, conforme sua subjetividade e carga cultural. Em outras palavras, a felicidade é vista como uma caminhada singular, permeada de relações sociais e experiências, visando o investimento psíquico.

Rev. Artur Charzuck