Li no jornal “Zero Hora” do dia 08 de março sobre uma mulher, Marguet Mittmann, que atua como perita criminal - especialista em manchas de sangue. Consegue analisar a cena de um crime, descobrindo o tipo e violência que ali ocorreu. Dizem que é como se ela conseguisse ouvir o que a mancha de sangue estava falando!
Na Bíblia leio que Deus ouve a voz do sangue. Depois do primeiro assassinato da história, em que Caim matou Abel, Deus conversa com Caim e lamenta dizendo: “Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim" (Gn 4.10).
Certa vez entrei numa casa e não consegui ler nem ouvir uma mensagem que estava no assoalho. Para falar a verdade nem havia percebido aquela mancha escura no chão. Mas a senhora que fui visitar fez questão que eu ouvisse a história. Ela havia sido agredida pelo próprio filho em uma crise por causa de drogas. Toda vez que o problema voltava a rondar a família ela apontava para a mancha do seu sangue. Era um discurso sem palavras, mas impactante. A mancha de sangue ainda falava!
Há muitas injustiças nesse mundo! Há muito sangue derramado que continua clamando. O clamor não é apenas contra aqueles que foram violentos com as próprias mãos, mas contra todos que ativa ou passivamente tem culpa. Corruptos, patrocinadores do tráfico de drogas, levitas e sacerdotes que deixaram o sangue de um ferido correr sem prestar ajuda (Lc 10.25-37). Enfim, todos nós somos e estamos manchados pelos nossos pecados. E na perícia de Deus, que tudo sabe, tudo ouve e tudo vê, somos todos condenados a morte.
Mas a Bíblia fala de machas de sangue com um clamor diferente. Na porta de casas erguidas no Egito havia manchas de sangue (Êxodo 12). Uma perícia descobriria que era sangue de cordeirinhos. Se uma perita de fina audição para voz do sangue colocasse seus ouvidos ali, ouviria: “A morte está proibida de entrar nessa casa”. Ou seja, ali o sangue não evidenciaria violência, nem morte. Mas vida! Da mesma forma há uma outra mancha de sangue que resolveu fazer um clamor ainda mais alto. Essa não estava no Egito, mas em Jerusalém. Se a perita criminal fosse analisar, repararia que são manchas provocadas por intensa violência. Manchas não em uma porta, nem mesmo em um assoalho; mas em uma cruz. O local do crime era chamado de Monte Calvário. Se aquela perita inclinasse a cabeça, se ela colocasse o ouvido ao lado daquelas manchas, ouviria uma oração: “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem" (Lc 23.34). Se ela continuasse a ouvir perceberia o sangue dizendo: “Pai, aqui está o meu sangue, para consolar o sangue de Abel. Pai, aqui está meu sangue, aqui está a minha vida, para dar vida a todos os que creem e clamam a ti! Vida em abundância, que fortalece aqueles que querem vencer seus vícios e lutar por justiça. Pai, aqui está meu sangue para pagar por todo o mal e dar vida ao mundo!
Não é preciso ser perito para entender que o amor revelado e proclamado pelo sangue de Jesus é a nossa esperança. Esse amor também é a nossa força e a sabedoria para ouvirmos os clamores ao nosso redor e estarmos prontos a lutarmos por justiça.
Pastor Ismar Lambrecht Pinz
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