Lc 15.1-10
A parábola da ovelha perdida, a da dracma perdida e a do filho pródigo formam uma tríade acerca da salvação. Este capítulo é um marco notável sobre o amor e graça de Deus para com o ser humano, ele é chamado o Evangelho do Evangelho. Tanto que o evangelista Lucas, em seus escritos, procura transmitir para o leitor a universalidade do Evangelho. Onde não há restrições entre homens e mulheres, gentios e judeus, escravos e libertos, mas um Cristo capaz de associar-se com todo o tipo de pessoa. Então, as duas parábolas apresentadas mostram o Cristo que veio em busca dos perdidos, assim como o pastor que não se cansa em procurar sua ovelha perdida. E a mulher zelosa que vai em busca da moeda até encontrá-la. Os acontecimentos do capítulo quinze ocorreram no terceiro ano da vida pública de Jesus, além do Jordão.
E o cenário de Jesus assim estava: seus ouvintes eram publicanos e pecadores, de um lado, do outro estavam fariseus e mestres da lei. A atitude de Cristo era de abertura para com as pessoas, sem se preocupar com a índole das mesmas. Jesus sempre recebia seus ouvintes, também aqueles que queriam falar com ele. Cristo, inclusive, também acolhia os fariseus, mesmo eles o criticando e armando ciladas de cunho retórico. Mas as falas de Jesus sempre tinham conexão com a realidade de seu público. O próprio termo parábola, seu significado: projetado ao lado de alguma coisa; uma história retirada de algum caso conhecido ou pertencente ao cotidiano. É o método que se trabalha com as coisas concretas.
E o Evangelho apresenta duas situações concretas e ambas apresentam um final feliz. Um final que não é humano, mas que vem de Deus, que culmina em Jesus Cristo. O pastor que procura sua ovelha diligentemente e a mulher que vai zelosamente procurar à moeda perdida, é personificação da personalidade de Deus. Um Deus cuidador, que não se cansa da sua criatura; o Altíssimo que cuida e vai em busca dos seus. Um amor que é igual para todos, sem distinção. E no instante em que o pastor achou sua ovelha e a mulher sua moeda, uma grande alegria deve ter invadido seus corações. Assim é o nosso Deus, ele se alegra quando acha sua criatura, quando ela, criatura, volta seus olhos para o Criador e reconhece sua pecaminosidade. Sim, Deus convida o ser humano para o arrependimento, para o reconhecimento do pecado.
Mas coração do homem é turvo e pequeno, ele não consegue arrepender-se. Ele prefere os refúgios do mundo e seus alívios. Tantas denominações que ofertam alegrias imediatas, por meio de discursos impositivos contra Deus. Utilizando à Bíblia como um alívio emocional. Mas com tantas doutrinas falsas, lá está Cristo apontando para o caminho certo.
Os deuses do mundo pedem coisas em troca: dinheiro, bens e, se possível, tiram tudo da pessoa. Cristo pede apenas o arrependimento. E tudo o mais será herdado pelo ser humano: alegria, consolo, perdão, salvação e tantas outras graças. Jesus Cristo pede tão pouco e oferece tanto, indo contra aos discursos dos entendimentos humanos, pedindo muito e oferecendo pouco. Em Cristo, o ser humano tem o cuidado, carinho e a alegria de Deus. O homem não precisa dos deuses ocos que a sociedade oferece, em Cristo temos tudo. Como é consolador saber disso: de que temos um Deus que se preocupa conosco; que almeja cuidar de nós e que se alegra quando viramos o rosto para Ele. Arrependimento é o caminho, reconhecer-se como dependente de Deus, que coisa maravilhosa! Em Deus não existe orfandade, pois, por meio da justificação em Jesus Cristo, temos o tão desejado perdão de Deus. Sim, em Cristo Jesus somos achados, cuidados e amados para todo o sempre.
Rev. Artur Charczuk
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