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Uma tradução de um texto breve:)
A DOUTRINA ESCRITURÍSTICA DAS TENTAÇÕES
Há a) uma tentação para o mal, e b) uma tentação para o bem.
A tentação para o mal vem do diabo, de outros homens e de nossa própria natureza depravada. Seu objetivo é a sedução para o pecado (tentatio seductionis). A tentação para o bem vem de Deus, e seu objetivo é testar e fortalecer a fé (tentatio probationis). Exemplos de tentatio seductionis são a tentação de Cristo pelo diabo (Mt 4.1ss) e pelas tentações dos cristãos por sua carne má (Tg 1.14: “Mas as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos.” Exemplos da tentatio probationis são a tentação de Deus a Abraão, com a ordem de sacrificar Isaque (Gn 22.1-18) e Deus permitir que o falsos profetas apareçam com sinais e maravilhas para levar as pessoas à prova, e ver se elas continuarão na Palavra de Deus (Dt 13.3: “Mas não deem atenção a esse profeta ou a essa pessoa que explica sonhos. Pois é assim que o Senhor, nosso Deus, vai pôr vocês à prova, para ver se, de fato, o amam com todo o coração e com toda a alma.”). Também no Novo Testamento Deus permite o surgimento de heresias (aivre,seij), não para provocar a apostasia dos cristãos, mas “para que fique claro quem são os que estão certos.” (1Cor. 11.19), e Paulo testa (dokima,zwn) o amor dos cristãos para mostrar se é sincero (2Co. 8.8s).
Quando os homens criticam a tentatio probationis, dizendo que isto tornaria Deus a causa pecatti, eles cometem crimen laesae maiestatis divinae. Para afastar tais pensamentos, Deus nos diz claramente nas Escrituras que ele “não deixará que vocês sofram tentações que vocês não têm forças para suportar”. (1Co 10.13). O axioma escriturístico é: Quem sucumbe à tentação, sucumbe por sua própria culpa, ou seja, por sua própria autossuficiência, isto é, deserção da graça, como foi o caso de Pedro (Mt 26.33-36). Todos os cristãos são advertidos: “Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair.” (1Co 10.12). Mas quem vence a tentação deve a vitória não ao seu próprio mérito e poder, mas unicamente à graça de Deus.
Tradução: Rev. Jarbas Hoffimann
Pieper, Francis, Christian Dogmatics, CPH, Saint Louis, MO, p. 563-4 (Doctrine of man)
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